Mensagens

A mostrar mensagens com a etiqueta educação

A Língua das Mariposas - um filme sobre educação e o fascismo como destruidor de uma educação libertária

Imagem
Realizado por José Luis Cuerda, em 1999, na Galiza, o filme retrata a realidade social e educativa dos anos 1930, no momento da investida fascista contra os republicanos que desencadeou a Guerra Civil Espanhola (1936 a 1939). Com algum rigor socio-histórico, podemos aqui reconhecer um pouco do que seria a nossa vizinha Galiza, na época.  Na base da narrativa estão três contos de Manuel Rivas - A Língua das Borboletas , Carmiña e Un Saxo na Néboa.  O filme retrata aquilo que em pedagogia designamos como "educação nova", um movimento que perspetiva a educação na base do diálogo, da relação com a natureza e da descoberta por parte das crianças e de um trabalho de orientação e de cuidado por parte da/o docente. No filme, são apresentados vários dilemas que se colocam ao professor, D. Gregório , que ele resolve, nas circunstâncias objetivas da altura, de forma democrática.  Paralelamente a esta narrativa do trabalho educativo de uma escola que, na altura, era só para meninos, ...

A propósito de uma imagem de Fernando Pessoa em meio escolar

Imagem
Nestes tempos conturbados, em que de forma premeditada e preocupante, se abrem portas e janelas, mesmo na escola, à massificação do vazio de pensamento e consequentemente a derivas de intolerância, que promovem o descrédito no saber, debater e decidir sem medos no exercício de cidadania, é gratificante poder-se conviver com a figura de um dos maiores génios poéticos de toda a nossa Literatura… Fernando Pessoa, que foi mais longe, não só quanto à criação (e invenção) de novas tentativas artísticas e literárias, mas também no que respeita ao esforço de teorização e de crítica literária. Poeta universal, que, mesmo com contradições, nos foi dando uma visão simultaneamente múltipla unitária da Vida, que nos alimenta a necessidade de pensar, desde logo em meio escolar. Um desafio cada vez mais presente a descobrir na sua obra poética e literária, que um simples e antigo painel, que resultou de um trabalho escolar, com base numa famosa imagem do escritor Fernando Pessoa, pode fazer desp...

Igualdade, mulheres e género - A Educação para a Cidadania

Imagem
Por Maria Jorgete Teixeira  Há mais de 200 anos que as mulheres aspiram à Cidadania. Há mais de 200 anos elas se rebelam contra os poderes vigentes.  Foi assim com Olympe de Gouges em plena Revolução Francesa. E, por isso, foi guilhotinada.  Foi assim com as sufragistas inglesas no séc. XIX. E, para isso, tiveram de fazer greve de fome, assaltar o parlamento inglês e cortarem linhas telefónicas.  Foi assim com as activistas anti-esclavagistas nos EUA também no séc. XIX e com as negras Rosa Parks, que se recusou a dar o lugar a um homem branco no autocarro, em 1955, e Angela Davis que, na década de 1970, reclamou com muitas outras mulheres negras a igualdade de direitos, assim como a serem cidadãs em plena igualdade com as mulheres brancas.  Foi assim com Carolina Beatriz Ângelo, a primeira mulher, em Portugal, a exercer o direito de voto e que, perante a proibição do Estado português, leva o caso a tribunal e acaba por conseguir recensear-se e votar. Foi assim c...

Profissionais da educação: Recuperar conteúdos funcionais para uma escola pública de mais qualidade

Imagem
Por: Alberto Sousa O governo PS/Sócrates aproveitou a maioria absoluta, conseguida em 2005, para desferir o mais feroz ataque de sempre aos direitos dos/as trabalhadores/as da Administração Pública.  Com efeito, o famigerado P.R.A.C.E. (Programa para a Reorganização da Administração Central do Estado) impôs, entre outras "pérolas", o fim do vínculo de nomeação (salvo algumas exceções), o sistema de avaliação SIADAP e a eliminação de mais de 1400 carreiras profissionais, passando a existir apenas três:  - Técnico/a Superior; - Assistente Técnico/a;  - Assistente Operacional.  Com estas medidas, deixou de haver conteúdos funcionais e as/os auxiliares de ação educativa, nas escolas, e auxiliares de ação médica, no setor da saúde, passaram a ser "assistentes operacionais".  Esta designação — assistentes operacionais — à primeira vista até "soa bem", parece ter algo de pomposo. Todavia, no caso das escolas, a realidade que esta mudança produziu teve e tem um fo...

FORMAR PROFESSORES/AS – PREPARAÇÃO, DEDICAÇÃO, PAIXÃO

Imagem
Ser professor tem de ser uma paixão, pode ser uma paixão fria, mas tem de ser uma paixão. Uma dedicação. António Gedeão/Rómulo de Carvalho A formação inicial de professores/as não é a última etapa de um percurso académico, mas o primeiro passo de um caminho profissional. Esta consideração é importante, e entendê-la, e aceitá-la como ponto de partida distingue, ou deveria distinguir, o ponto de vista sindical - e de um modo geral dos/as profissionais - sobre as políticas e as práticas de formação inicial de professores/as. Várias/os investigadores/as defendem um período probatório de indução profissional. A formação docente, desde logo a inicial, deve assumir uma forte componente práxica – reflexão entre teoria e prática, centrada na aprendizagem das/os alunos/as e no estudo de casos concretos, tendo como referência o trabalho escolar . A formação de professores/as deve passar para «dentro» da profissão , isto é, deve basear-se na aquisição de uma cultura profissional , concedendo aos...

A quem servem e a quem devem servir as Instituições do Ensino Superior?

Imagem
É conhecido histórica e empiricamente que, no passado, as Instituições do Ensino Superior (IES), englobando Universidades e Institutos Politécnicos, têm sido frequentados, numa primeira fase, por filhos/as de famílias de classes dominantes, tendo-se aberto a política do ensino superior, numa segunda fase, por pressão de movimentos sindicais, estudantis e outros, a cidadãos/ãs originários de classes intermédias e, inclusive, em parte, de classes populares sobretudo a partir dos anos 1960/70. Também em Portugal, apesar destes pequenos avanços sobretudo após o 25 de Abril de 1974, a formação de profissionais qualificados/as, a produção de conhecimento, a aprovação e a implementação de projetos de investigação não têm redundado em favor das comunidades e das classes mais desprovidas, mas em função e no interesse de grandes grupos económicos. Mais, salvo por iniciativa de uma minoria de investigadores/as e seus respetivos centros de investigação, docentes e investigadores/as, constrangidos ...