Conselho de Segurança Nuclear espanhol deu Parecer Negativo à exploração de Urânio em Retortilho (Salamanca) a 50 km de Portugal

AZU – Associação Ambiental, ao longo dos seus 20 anos de atividade, elegeu como prioridade a defesa do meio ambiente em Portugal, tendo como base a poluição e respetivo passivo radioativo deixados com a exploração de urânio em Portugal, onde se destacam as 65 minas abandonadas, distribuídas pelos distritos de Viseu, Coimbra e Guarda. 

Este processo, que obrigou a várias ações de luta e múltiplas conferências/debates com especialistas desta matéria, viria a dar um grande contributo para que o Estado procedesse à elaboração de planos de encerramento ambiental destas minas, não obstante ainda não terem sido concluídos totalmente, com destaque para a Mina da Quinta do Bispo, no concelho de Mangualde. 

Pertencendo ao grupo 3 de prioridades e sendo uma mina a céu aberto, existem, para além de escombreiras com valores de radiação significativos, lagoas contaminadas que são um perigo para toda a envolvência, quer agrícola quer hídrica. Este conhecimento e todo o testemunho que provou ter sido um erro a exploração mineira de urânio em Portugal deram aos ambientalistas da AZU autoridade para contestar a intenção da exploração de urânio junto à nossa fronteira de Vilar Formoso, pretendida pela empresa Berkley na região de Salamanca, em Retortillo, juntando-se para o efeito aos ambientalistas espanhóis. 

Para o efeito, foi total o empenho da AZU, bem como a mobilização de centenas de ex-mineiros de urânio portugueses, nas grandes ações de luta desenvolvidas ao longo dos anos pelo Movimento Ibérico Antinuclear (MIA). Não só denunciando o erro que constituiu a exploração de urânio em Portugal, mas também todo o impacto negativo deixado, quer na vida humana quer no ambiente. 

Nesse sentido, a AZU participou ativamente contra a abertura da exploração de urânio em Retortilho, realizando ações em conjunto com o MIA, em 2018, aquando da visita a Retortillo da Comissão Parlamentar do Ambiente. Na conferencia Debate e Marcha de Protesto em Salamanca. Na grande Jornada de luta realizada em Portugal, com a presença de ambientalistas espanhóis, uma Marcha de comboio entre Retortilho e o Pocinho, Régua, culminando com conferência na Régua e no Porto. Em 2019, promovendo, em conjunto com o MIA, uma Concentração de Protesto contra as Minas de Retortillo, na Barragem Internacional sobre o Douro, em Freixo de Espada a Cinta. No Fórum Social Mundial antinuclear em Madrid. Na concentração na Barragem de Cidelhe, em Nisa, contra a exploração de urânio e contra a Central Nuclear de Almaraz. Na concentração promovida pela AZU e MIA, realizada na Guarda, aquando da Cimeira Ibérica. 

É, pois, com grande satisfação que tomámos conhecimento da decisão do Conselho de Segurança Nuclear espanhol de negar a autorização para a abertura da mina de Retortillo, a cerca de 50 km de Portugal, na zona do Parque Natural do Douro Internacional, inviabilizando assim uma eventual decisão favorável do Governo espanhol sobre esta mina. 

Esta decisão é para a AZU ainda mais relevante, tendo em conta que a mesma vem pôr em causa toda a exploração de urânio em Espanha, contribuindo, assim, também para a luta que vimos desencadeando no respeitante ao fecho da Central de Almaraz e das restantes centrais nucleares espanholas. 

Quer em conjunto com os ambientalista espanhóis quer em Portugal, a AZU irá continuar toda a sua luta contra o nuclear, tendo como base a exploração mineira de urânio em Portugal e suas consequências, pelo que continuará a luta em Portugal pelo total encerramento AMBIENTAL DE TODAS AS MINAS DE URÂNIO abandonadas. 

Agosto de 2021 
Antonio Minhoto, Presidente da Direção da AZU

Comentários

Mensagens populares deste blogue

CASA DO CORIM, PATRIMÓNIO DOS MAIATOS! UMA OPINIÃO

Como Garantir o Direito à Habitação na Cidade Mercadoria?

COMO RESGATAR OS REGULADORES E A AVALIAÇAO AMBIENTAL DO PANTANO?