PALESTINA EM REVOLTA PELA LIBERDADE CONTRA A HUMILHAÇÃO
por Mário Tomé e Pedro Soares
A URGÊNCIA DE IMPEDIR O GENOCÍDIO
O genocídio prosseguido contra o povo palestiniano pelo governo israelita,
agora a coberto do condenável ataque direto a populações civis pelo Hamas, tem
de ser travado!
É um flagrante atentado aos direitos humanos a imposição israelita de um
bloqueio total a Gaza, impedindo o abastecimento de água, alimentos, energia e
medicamentos, sem permitir sequer a fuga a quem a quiser.
Coloca drasticamente em causa o tão apregoado direito internacional esta
condenação de todo um povo às mais graves consequências da política israelita
de terra queimada, à destruição de infraestruturas básicas, escolas, hospitais
e bairros habitacionais, à morte indiscriminada de milhares de pessoas, à não
permissão do que é básico num conflito, como a abertura de corredores humanitários.
A ONU, tão desrespeitada e ultrajada por Israel, está obrigada a criar
condições para um cessar das hostilidades e impedir o anunciado e criminoso
boicote à vida da população de Gaza. Os Estados da ONU se estão realmente
interessados em concretizar a resolução que eles próprios assinaram, estão
obrigados a assegurar um Estado palestiniano que possibilite a paz e a
segurança na região.
Os EUA e a UE devem usar na Palestina os mesmos critérios que levaram à
condenação da invasão da Ucrânia, sem quaisquer “mas…” Porém, até
agora, optaram, por entre cínicos lamentos, pelo apoio praticamente
incondicional ao governo israelita, acrescentando umas piedosas e hipócritas
recomendações de contenção militar enquanto Netanyahu prepara a ofensiva
terrestre.
OBJETIVO DE ISRAEL: DESTRUIR A POSSIBILIDADE DA PALESTINA COMO ESTADO
INDEPENDENTE
Do confronto iniciado em 1947 com a ocupação da Palestina sob a jurisdição
da ONU pelos judeus massacrados na Europa pelos nazis e perseguidos
secularmente de diversas formas, nomeadamente nos países vencedores da II
Guerra Mundial, resultou a perseguição e o começo do genocídio dos
palestinianos, segundo a própria definição da ONU. A ocupação da Palestina em
vagas sucessivas, desaguou na atual situação.
Apesar das várias resoluções da ONU, o planeado Estado Palestiniano tem
sido postergado enquanto os poderes sionistas de Israel vão destruindo
sistemática e violentamente a própria possibilidade física de um Estado
Palestiniano. “A ONU faz resoluções e nós construímos colonatos” confessou
um delegado israelita numa reunião da Comissão de Direitos Humanos em Geneve.
A violência política, social, policial e militar que no massacre de Sabra e
Chatila, sob o comando do general sionista Ariel Sharon, atingiu o paroxismo,
criou as condições para o atual quadro.
Já há alguns anos no seu texto “Palestina”, Miguel Portas foi bem claro:
“Olho para a democracia israelita e constato que ela se construiu sobre a
expulsão, expropriação e morte de milhares e milhares de palestinianos. Olho
para ela e reparo como sistematicamente empurrou o outro lado para a violência
e como se alimentou de todos os fanatismos. A história do Estado de Israel não
condensa a extraordinária história do povo judeu. É a história de um desespero
que só gerou, do outro lado, o desespero das mãos cheias de nada erguendo-se em
revolta contra a humilhação.”
PERANTE O GENOCÍDIO PALESTINIANO O GOVERNO PORTUGUÊS E A UE TÊM DE AGIR EM
DEFESA DE QUEM FOI INVADIDO, OCUPADO E COLONIZADO
As declarações políticas sobre a violação pelas autoridades israelitas dos
direitos humanos mais elementares em Gaza devem ser consequentes. A situação
desesperada em que milhões de palestinianos se encontram, privados de bens
essenciais à vida e a serem vitimados pela barbárie da ofensiva militar nos seus
territórios, exige ação urgente da comunidade internacional.
O primeiro-ministro português referiu-se recentemente no Parlamento à
“violação das normas do direito humanitário” que se verificam no cerco e
bombardeamento à Faixa de Gaza e o presidente da República apelou para que não
haja uma escalada do conflito.
Perante o reconhecimento por parte das autoridades portugueses deste quadro
político, humanitário e militar tão grave no território de Gaza, com o real
perigo de uma escalada com alargamento regional do conflito e intervenção
militar de outras potências, compete ao Governo português chamar o
embaixador de Israel em Portugal para lhe manifestar o seu protesto perante a
violação dos mais elementares direitos da população de Gaza e indicar-lhe que,
caso persistam, as relações diplomáticas entre os dois países serão afetadas.
O Governo português deve colocar na UE a urgência de iniciativas
diplomáticas para que seja declarado um cessar-fogo imediato e a possibilidade
de medidas sancionatórias contra os responsáveis políticos israelitas que
boicotam as resoluções da ONU sobre a Palestina e promovem o genocídio do povo
palestiniano. A política do governo israelita não só é absurda como é criminosa e
humilhante, só tolerada por uma parte da comunidade internacional porque tem
sido apoiada pelos EUA.
O sacrifício das vítimas de um e de outro lado desta guerra reclama que
cresça o clamor das vozes que lutam pela Paz e a Justiça no Médio Oriente.
Mobilização total em solidariedade com a Palestina, contra o genocídio e pelo cessar-fogo. É uma luta de todos nós
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