Mesa Nacional – intervenções de Mário Tomé


 

1.     Sobre a Resolução Política

A resolução proposta pela CP pouco adianta para alimentar o Bloco com uma dinâmica que o ajude no esclarecimento dos cidadãos sobre as causas e consequências da brutalidade da guerra na Ucrânia, ou no apoio à mobilização dos trabalhadores face à situação de precariedade e de empobrecimento, de austeridade numa palavra, com que estão confrontados.

Isso já estava claro com uma Conferência em que se falou muito e se adiantou nada a não ser ter ficado clara a necessidade de uma Convenção com poder para, a partir de um balanço político sério, traçar os caminhos para as grandes lutas que se avizinham.

A guerra com que Putin assola a Ucrânia e provoca a Europa não mereceu do Bloco uma crítica ao entusiamo europeu em obedecer à estratégia dos EUA de sacrificar o povo ucraniano “para enfraquecer a Rússia”, e cito os Secretários da Defesa e de  Estado porta-vozes do complexo industrial militar norte-americano.

Não se demarca da posição do Parlamento Europeu de incentivo ao armamento e à preparação para a guerra, como se não soubesse que esse nunca pode ser o caminho. Nem condena as posições rastejantes do Presidente da República nem do Primeiro Ministro.

«Se queres a paz prepara a paz, não a guerra»

O investimento sério numa Defesa Civil, (protecção civil) deve substituir a despesa em armamento como aliás há mais de uma década tive a ousadia de propor num Bloco tão temeroso dos militares. Mesmo em caso de guerra nuclear é a única opção racional, necessária e  possível: responder ao desastre na defesa e salvação de pessoas e bens

Importante a referência à Palestina estraçalhada e martirizada pelo Estado de Israel.

O BE condena o Estado sionista, mas nada diz dos Estados europeus, especialmente o nosso, cúmplices activos do genocídio (segundo as definições da própria ONU) do povo palestiniano.

Quanto ao OE, o BE analisa, caracteriza e propõe. E apresenta muitas propostas à maioria absoluta. A palavra chave é: “a confirmar-se”…

E em vez de se dirigir aos trabalhadores apelando à luta e à solidariedade com essa luta, guarda apenas para o parlamento a resposta.

Temos saudades da Greta Thunberg ou a guerra fez-nos esquecê-la?

Temos receio de exigir subida drástica de impostos aos ricos e sua redução a quem trabalha?  Fim do pacote laboral, defesa do SNS, fixação dos preços, proibição de despedimentos, em que ficamos? Apelamos ou não à luta contra a austeridade?

O horário de trabalho é igual ao de 1866. Quantos milhares por cento aumentou a produtividade até hoje? Quem beneficiou bestialmente? (O termo é mesmo este!)

Apontar para 90% de impostos para rendimentos – todos saídos da especulação e da fuga aos impostos – acima dos 400 mil €, além de ser justo é uma base objectiva para um programa que denuncie sustentada e claramente o esbulho que sofre quem trabalha.

O regozijo com o programa e a vitória de Mélanchon, será o começo da autocrítica, que temos exigido sem êxito, da política submissa e da falha de polarização política do Bloco? Afinal vamos ter Bloco na rua a chamar pr’à luta?

2. Sobre as sanções

A proposta de sanções a vários camaradas associada ao pedido de demissões individuais, obriga-nos a procurar a raiz das coisas como é da natureza de um partido revolucionário.

Considero que a razão principal vamos encontrá-la no défice de funcionamento democrático, na centralização burocrática e no desrespeito pelas opiniões divergentes, ou apenas diferentes, e nas limitações à iniciativa política dos organismos de base.

A propósito convém lembrar que o défice de debate e discussão política, nunca poderá ser colmatado por qualquer escola por útil que esta possa ser desde que não pregue ideologia mas tenha como base a prática social e a sua abordagem empírica com critérios científicos que são os únicos aceitáveis na política revolucionária.

Esta leva, com sabor a purga, é pouco consentânea com a história do Bloco que ao longo da sua vida – já não é nenhuma criança! – sempre soube navegar no pluralismo e na articulação sensata das várias opiniões e opções; aliás o Bloco nasceu exactamente estruturado nessa pluralidade democrática como raiz da acção revolucionária.

Para responder adequadamente a esta situação propomos acção efectiva a montante: a Mesa constituir um grupo de trabalho, em que participem representantes das várias tendências ou sensibilidades, que identifique as causas do inegável mal estar criado contra quem não concorda com a linha maioritária do Secretariado, e crie as condições de superação do clima de confronto, suspeição, distanciamento, sectarismo por vezes afrontoso com que frequentemente nos deparamos.

O Bloco é demasiado importante para correr o risco de soçobrar num ambiente de sectarismo e confronto indesculpáveis. 

3. Intervenção não escrita em apoio da Convenção

https://2.gravatar.com/avatar/b8d7f439a4f9277022b8bf53d60c301a?s=20&d=identicon&r=GCONVERGÊNCIA16 DE MAIO DE 2022

ESPALHEM A NOTÍCIA...

 

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