Autárquicas - Exponenciação dos corredores
Estamos a escassos dias de mais umas eleições autárquicas. Sabe-se que estas eleições são caracterizadas por aspetos mais personalizados do que qualquer outra eleição.
Há, no entanto, uma reprodução de rostos em diferentes corredores que não deveria deixar ninguém indiferente, mas andamos todas/os "anestesiadas/os" por uma cegueira coletiva e auxiliamos na eleição de multiplicação de corredores que leva, naturalmente, a "lobbies", bem como a uma maior propensão de possibilidade de corrupção.
Vejamos alguns factos que, numa democracia, não deveriam deixar ninguém "anestesiado/a", alheado/a da responsabilidade de que o seu voto pode estar a ser facilitador da proliferação do poder de influência e, consequentemente, reduzir a participação e a cidadania. Vemos deputados/as a concorrer para presidentes de Câmara e/ou a Assembleias de Freguesia, diretores executivos de empresas municipais e de empresas intermunicipais a fazerem parte dessas mesmas listas.
Será que não há nenhum afunilamento da democracia? Será que não existe uma tendência para possibilidade de "lobbies" e de corrupção? Deixo estas questões para que possam fazer uma introspecção e responderem a estas questões.
A limitação de mandatos trouxe uma pequena alteração naquilo que era a eternização de cargos no poder local, mas há muito mais a ser pensado e examinado pelos cidadãos e pelas cidadãs, quer a nível local, quer nacional.
A "anestesia" coletiva não deixa percecionar as diferentes movimentações, como é o caso de, esgotado o tempo de mandato de Presidente da Câmara, passarem para candidatos/as à Assembleia Nacional e, assim, se eterniza a exponenciação da repetição dos rostos nos diferentes corredores.
Será que não existem outras pessoas com competências para exercer essas funções? Será que está limitado a uma elite? Será que é porque são os donos disto tudo?
Ficam as questões para reflexão, mas, a meu ver, existem muitas outras pessoas competentes para os diferentes cargos. No entanto, devido à necessidade de capacidade de influência, os corredores não podem ficar livres e, assim, vamos deixando acontecer, com o nosso voto, eternizando as pessoas em cargos que não deveriam ser profissão, mas uma função de cidadania.
Somos todas/os nós que, coletivamente, elegemos estas pessoas e deixamos que tudo aconteça à nossa frente e debaixo do nosso nariz. Assim, somos as/os culpadas/os do estreitamento da democracia. Quando todos/as acordarmos desta "anestesia" coletiva, podemos não chegar a tempo de evitar muitas das consequências desta influência e poder.
Estamos a dias de poder fazer alguma diferença com o nosso voto. Assim, será necessário que na tua terra, no teu local de voto, possas fazer a diferença, lutando pela democracia e pelos seus valores.
Participa com o teu voto em consciência, sem espartilhos e sem promessas. Vota em consciência para que possamos fazer a diferença.
22.set.2021
Maria Gomes
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