O Douro e seus vendilhões.
O Douro e seus vendilhões.
Há um conjunto de questões pertinentes e até urgentes
sobre os usos e os abusos que têm sido cometidos nas duas margens do Douro. Aquilo
que temos vindo a assistir nos últimos anos, talvez décadas, é o completo
abandono do rio, leito e margens, pelas autoridades públicas responsáveis pela
sua gestão, salvaguarda e preservação. É a perfeita demissão dos deveres do
estado, central e local, perante a ofensiva dos interesses privados que, num
autêntico assalto e usurpação, tomaram para si, seu uso e benefício, o acesso
ao rio e suas margens, naquilo que são as ribeiras de Gaia e do Porto, assim
como de outras localidades a montante. É inadmissível a privatização das
margens, é intolerável que um património público possa ser alienado e possa
estar em exclusividade ao serviço da atividade turística, protagonizada por
meia-dúzia de investidores, empresas e capitais, que se dedicam à espoliação até
ao insuportável daquilo que é de todos nós.
Depois, interessa também que a APA , APDL e as autarquias do Porto, de
Vila Nova de Gaia e demais da bacia do Douro, de uma vez por todas, assumam as
suas responsabilidades de defesa do interesse público.
É uma vergonha a
densidade de hotéis flutuantes que atracam, principalmente, na margem esquerda
do Douro, ofuscando ou fazendo desaparecer da paisagem cultural, histórica e
patrimonial, os barcos Rabelos, assim como tornando impossível outras
atividades como a prática desportiva; veja-se o exemplo do Clube Fluvial
Portuenses que tendo as suas instalações de atividades náuticas na margem de
Gaia, vê o acesso ao rio dificultado e estrangulado pelos cais das empresas
turísticas e pela densidade de circulação pedonal na marginal.
Qual a necessidade? A quem interessa ou importa essa
poluição das águas e da paisagem? Quem paga a factura? Que benefício têm as
populações locais?
Enfim, um conjunto de questões que temos e devemos
colocar a todos os autarcas da bacia do rio Douro, com especial veemência aos
do Porto e Gaia, pois com toda a
certeza, não interessa aos portuenses e aos gaienses que a exploração
especulativa e gananciosa dos seus territórios se prolonguem para as águas do
rio que é de todos.
O Rio Douro, com esta densa atividade turística, é um rio
muito poluído e as entidades oficiais responsáveis, não prestam contas, nem
fiscalizam. O que faz a APA - Agência Portuguesa do Ambiente? É suposto zelar
pelo interesse público do rio e seus recursos e não ser uma promotora
turística.
Impávidos e serenos estão todos perante esta nova
aberração que é a construção de um terminal para navios-hotel, naquilo que era
o antigo cais do Cavaco. Temos que cuidar do rio, das suas águas, dos seus
recursos e da sua paisagem.
Luis Vale - Porto
Soares da Luz -
Porto
Lurdes Gomes – V N Gaia
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