SOBRE O CHAMADO “ROTEIRO PARA O FINANCIAMENTO”
SOBRE O CHAMADO “ROTEIRO PARA O
FINANCIAMENTO”
É de todos conhecida a nossa posição sobre esta matéria. Más opções
levaram-nos à situação em que nos encontramos, e se voltamos a falar do assunto
é porque achamos que nunca houve, por parte da direção, uma
reflexão/autocrítica séria sobre as opções políticas, reiteradamente,
assumidas.
Talvez um dia esse momento chegue.
Em resposta a esta realidade concreta, que obrigou a dispensar funcionários
e a rever a rede de sedes e de outdoors, a nível nacional, os
militantes deram uma resposta que só podemos classificar como de grande
abnegação.
Sabemos todos que embora havendo diferenças entre distritais, o resultado
conseguido superou todas as expectativas.
É exatamente por esta resposta dada pela militância que nos parece,
extemporâneo, que se venha agora propor um aumento da quota anual de 15 para 25
euros, um aumento de aproximadamente 67%.
Na distrital a que pertenço (Santarém), há inclusive camaradas que
atendendo à sua contribuição mensal para que as sedes se mantivessem abertas,
propuseram, em documento enviado à Comissão de Direitos, em 25 de julho, que
seria, da mais elementar justiça, ficarem isentos do pagamento da quota anual.
Pelo que sei, a Comissão de Direitos ainda não respondeu, mas não será
difícil adivinhar qual vai ser a resposta.
Para os que acham que a quota é uma forma de vínculo, e que há uma
responsabilidade militante para com o partido, diremos que a quota pode ser
tudo isso, mas também pode ser uma forma de acentuar a discriminação quanto à
capacidade de militância, neste caso entre quem pode e quem não pode, e isso é
intolerável num partido de esquerda.
Diremos mesmo mais, num partido de esquerda, a quotização não deveria ter
um caráter obrigatório. Deveria ser facultativa e de acordo com a vontade/
possibilidade de cada militante.
O que agora se propõe, no contexto económico que atravessamos e que está
para durar, vai, no mínimo, aumentar os pedidos de isenção de quota e se
clarificarmos e apertarmos os critérios para a sua concessão, levará, em último
recurso, ao abandono simples, tudo o que não queremos.
Não é nosso intuito sermos arautos da desgraça e entendemos a necessidade
de aumentar as receitas, mas não nos parece que seja esta a via mais eficaz,
não nos enganemos, pode parecer a mais fácil e a mais rápida, mas é seguramente
perigosa.
Finalmente, dizer que, acreditamos que não sendo este um assunto
consensual, teremos oportunidade de o discutir e decidir na próxima Convenção
Nacional.
[Texto de acordo com intervenção proferida na última reunião da Mesa
Nacional]
[Imagem: “Roteiro das Artes”]
Maria Conceição Anjos
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