Intervenção de João Carvalho na 4ª Conferência Nacional do Bloco
Continuamos a publicar as intervenções realizadas na IV Conferência
Nacional, contribuindo assim para o debate interno. Para esse efeito, basta que
nos sejam enviados os textos ou sínteses das intervenções para: convergencia.bloco@gmail.com .
Todas serão publicadas, independentemente de qual ou quais as propostas a que
manifestem apoio ou posição crítica. A plataforma Convergência – Espaço
Ecossocialista está ao serviço do debate democrático e do diálogo no
seio do BE.
Transcrevemos de seguida a intervenção de João Carvalho.
Intervenção de João Carvalho na 4ª Conferência Nacional do Bloco
Camaradas
Muito já se tem escrito e dito, sobre o estado do partido, desde falta de
democracia interna, do domínio e da autoridade das tendências, dos jogos de
corredor, do despedimento de funcionários para empregar deputados não-eleitos,
da perda de centenas de milhares de votos, entre outros. Os tempos de facto são
negros.
O Bloco torna-se no presente quase num partido contra aqueles que eu me
havia prevenido. Não por resultados eleitorais, porque ganhar e perder é da
vida, mas pelas razões que chegamos até aqui.
Mas, sinceramente, já passei essa fase, seja por estupefação para com os
descredibilizadores do partido embriagados na sua própria anátema, ou por hoje
urgir em sermos mais pragmáticos. Pregar no deserto é ingrato, mas cá estamos.
Todos temos de reconhecer esta evidência, o Bloco de Esquerda está mal.
Parece que tudo se dissipou, onde está o Bloco reenvicativo e de nariz colocado
no sítio certo que conheci? Onde estão os camaradas que com orgulho segui ao
lado deles? Onde estão todos? Comprometidos nas tendências? Moldados como
convém? Talvez!
Tive orgulho de pertencer a um partido onde os camaradas não faziam
rasteiras, num partido que os militantes não viravam a cara aos seus
semelhantes, que discutiam sem medo nem descrédito, que não deixavam camaradas
da mão. Assim estamos.
Como diria o nosso camarada José Soeiro, no discurso do 25 de Abril desta
semana, está quase tudo por fazer, e também sabe que o Bloco tem quota-parte de
responsabilidade da situação. Está mesmo quase tudo por fazer, do salário ao
clima, da habitação às desigualdades, tudo! De que valeram afinal estes últimos
anos?! Assim está o País
Após estas situações, estatutariamente, o partido só pode mudar a linha
política com uma convenção extraordinária, onde legitimamente podemos eleger
democraticamente neste partido, sem medos e assim começar de novo. O Bloco de
Esquerda precisa de um debate profundo, e já na convenção.
Assim anseio que se existir a convenção indispensável, que o modus
operandi do partido e dos camaradas seja efetivamente democrático e
que com isso, caiam a política velha, os egos, os autoritarismos e nasça a
humildade, o diálogo construtivo, as lutas todas, a esquerda. Afinal
pertencemos todos ao mesmo partido e todos valemos o mesmo.
Todos, e todas fazemos falta. Porque foi sempre assim que crescemos. Não
foi neste partido que me inscrevi há 7 anos, não foi com esta atuação de
camaradas que lutei há 7 anos, Lembremo-nos dos camaradas que já saíram! Não
deixemos sair mais.
Não é com esta linha política do partido e com a actuação de alguns
camaradas que iremos mudar, porque de facto se não mudarmos nada mudará.
Camaradas, que o partido não chegue ao estado de, como diria Voltaire, “O
mundo intriga-me, e não posso imaginar que este relógio exista e não haja
relojoeiros.”
Este partido merece mais, diferente e melhor, não deixem doente um jovem de
23 anos, o Bloco de Esquerda.
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