BLOCO-MESA NACIONAL - REUNIÃO MESA NACIONAL - MAIO 2022
Teve lugar, no passado sábado, dia 14, uma reunião da Mesa Nacional (MN),
quinze dias após a IV Conferência Nacional, com o principal objetivo de
proceder à ratificação da proposta apresentada pelo secretariado à Conferência.
Para além deste ponto, a ordem de trabalhos incluía a substituição da
responsável pela tesouraria, o debate de uma resolução sobre a situação
política e a votação de um conjunto de sanções a militantes. Foi, entretanto,
introduzido um novo ponto, apresentado por mais de 200 militantes (nos termos
do art.º 10.º dos Estatutos o agendamento foi obrigatório), que propuseram que
a MN se pronunciasse sobre a convocatória “logo que possível” da XIII Convenção
Nacional.
Depois da aprovação da nova Tesoureira, foi colocada a debate a proposta de
moção sobre a Convenção, subscrita por 215 camaradas de todo o país, com a
seguinte redação:
“Proposta de convocação da XIII Convenção Nacional
Ao abrigo do disposto no ponto 7 do artigo 10. ° dos Estatutos do Bloco de
Esquerda, os/as aderentes abaixo indicados/as apresentam à reunião da Mesa
Nacional, convocada para o dia 14 de maio de 2022, a seguinte proposta de moção
para ser debatida e votada.
À Mesa Nacional do Bloco de Esquerda
O ciclo político que culminou com a derrota eleitoral nas recentes Eleições
Legislativas, exige que sejam retiradas lições de forma consequente e definida
uma nova orientação política para que o caminho de reforço do Bloco seja
retomado.
A maioria absoluta no Parlamento resultante das recentes Legislativas, o
acentuar da degradação das condições de vida para a maioria da população, a
guerra na Europa e as profundas mudanças que estão a ocorrer nacional e
internacionalmente, exigem análise e novas respostas para este novo ciclo
político em que “as bússolas anteriores deixaram de funcionar”.
Torna-se imprescindível a convocação da XIII Convenção Nacional do Bloco de
Esquerda.
O envolvimento da pluralidade de todo o partido neste processo deve passar,
para que seja mobilizador e inspirador, por uma Convenção Nacional, órgão
máximo da democracia bloquista, o único com capacidade estatutária e
democrática para retirar todas as conclusões do balanço do ciclo anterior e
decidir sobre o rumo estratégico do Bloco, com a participação de todos/as no
debate e na tomada de decisões.
Os/as subscritores propõem que a Mesa Nacional convoque a XIII Convenção
Nacional, no mais curto espaço de tempo possível, com o objetivo de proceder ao
balanço do recente ciclo político e, num novo quadro atravessado por fortes
alterações, definir democraticamente a orientação política do Bloco para o
futuro.“
Esta moção, apresentada na reunião pelo camarada Luís Gomes,
foi rejeitada pela maioria dos/as camaradas eleitos/as pela moção A.
No debate sobre a proposta de Resolução Política apresentada pelo
secretariado nacional, os/as camaradas eleitos pela moção E propuseram a
inclusão de quatro contributos:
§
Condenar o expansionismo da NATO e da onda armamentista que percorre a
Europa;
§
Mencionar o novo aumento em abril da taxa de inflação (IPC), de 7,2%, já
confirmada pelo INE, a mais elevada desde 1993, que tende a ser estrutural e
demonstra o agravamento da erosão das pensões e salários;
§
Introduzir na Resolução um novo ponto:
3. Mobilização social para enfrentar o empobrecimento e a emergência
climática
O espetro do empobrecimento adensa-se com o aumento generalizado dos preços,
a erosão acentuada das pensões e dos salários e a insistência do Governo na
desvalorização dos rendimentos do trabalho. O aumento de 6%, em 2022, do
Salário Mínimo Nacional (SMN) será anulado por uma inflação que já era de 3%
antes da guerra e está a ultrapassar os 7%. Porém, as empresas PSI-20 que, em
plena crise pandémica, fecharam 2021 com lucros na ordem dos 3,5 mil milhões de
euros e pagaram aos acionistas dividendos recorde, preparam-se para novo
crescimento dos lucros à boleia da especulação com os preços.
A pressão para o regresso aos combustíveis fósseis em detrimento da
transição energética levou o ministro Costa e Silva, um homem da Partex, a
abrir a porta à exploração de gás na costa portuguesa e a desafiar as empresas
dos combustíveis fósseis a apresentarem novos projetos, ao arrepio da Lei de
Bases do Clima e da orientação anterior sobre exploração de hidrocarbonetos,
conquistada pelas lutas ambientalistas e das populações locais.
As prioridades da
esquerda – Clima, Paz e Pão – concretizam-se nas mobilizações sociais por esses
objetivos, pelos combates contra o empobrecimento, a corrida armamentista e a
regressão na transição energética. O Bloco contribui empenhadamente com apoio
às mobilizações sociais pelos salários, contra a carestia, pela revisão
da legislação laboral que impõe a precariedade e os baixos salários, e
pela exigência de medidas urgentes para acelerar a transição energética e
enfrentar as alterações climáticas.
§
Concluir, na sequência dos debates da Conferência Nacional, que a Mesa
Nacional, saudando todas as participações e ratificando as conclusões, crie um
Grupo de Trabalho para o incremento das condições de diálogo interno e de
debate plural, que apresentará um relatório nesse sentido na próxima reunião da
Mesa Nacional.
A maioria das/os camaradas da moção A na MN rejeitaram estes contributos,
com exceção do primeiro e uma breve referência ao segundo, na versão final
da Resolução Política aprovada com a
abstenção de 17 camaradas.
Sobre as propostas de sanções, foi igualmente rejeitada uma proposta de
suspensão das votações até á próxima reunião da MN, visto os membros da MN só
terem tido acesso aos seis relatórios dos procedimentos disciplinares na
própria reunião, tendo sido constatadas diversas omissões e irregularidades
estatutárias e faltas de rigor que conduzem à arbitrariedade e
discricionariedade por parte do secretariado nacional que, apesar disso, propôs
cinco exclusões e uma suspensão de direitos por um ano.
No âmbito das medidas repressivas internas, foram designadas novas
comissões de inquérito para mais procedimentos disciplinares contra camaradas
que têm defendido a convocação de uma Convenção. Essas comissões são
constituídas apenas por elementos eleitos pela mesma moção numa atitude de
grave falta de pluralidade e de incapacidade de diálogo do secretariado
nacional.
Foi informado pelos/as camaradas eleitos pela moção N que se demitem da
Mesa Nacional e da Comissão Política.
CONVERGÊNCIA15 DE MAIO DE 2022
Comentários
Enviar um comentário