Opinião: LIBERALISMO
É fácil concluir que o pensamento de Charles Darwin acerca
da teoria da evolução por seleção natural (1859) vai, na sua ideia principal,
ao encontro da reflexão económica de Adam Smith, sendo esta
transferida para a natureza, visto as suas obras refletirem a ideia de que as
populações crescem mais rapidamente do que as suas fontes de alimento, o que as
conduzem a uma luta pela existência na qual cada indivíduo fará uso das
diferenças individuais herdadas dos seus ancestrais, fazendo com que os mais
aptos sobrevivam num processo cruel de seleção natural (genes egoístas).
Sendo assim, atrevo-me a escrever que, talvez, nunca tenha passado pela
cabeça daquele naturalista prever o facto de, no século XXI
(era digital), poder haver mais enlatados, porcos e vacas (pegada ecológica) do
que humanoides. Inclusive, arrisco a pensar, que tal biólogo britânico não
tenha previsto que meios diferentes (dinheiro) selecionariam indivíduos
diferentes, originando novas espécies parecidas com os seres humanos
(neoliberais). Isto, porque, no livro “A riqueza das nações” (1776), Adam
Smith defende o laissez-faire, a não intervenção do Estado
no mercado, permitindo que a livre concorrência selecione por si própria…!
Este filósofo e economista do seu tempo, não profetizou que a falta de
regulação externa, levaria a que demasiadas empresas e outros tantos players optassem
pelo mundo obsceno da incerteza fiscal, dos fundos especulativos, do negócio de
branqueamento de capitais assente em offshores e bitcoins;
de uma mão invisível corrupta que, inevitavelmente, nos impingiu o mau
funcionamento das economias e o desequilíbrio geral das nações (ricas e pobres)
e, por consequência, ao retrocesso e estagnação das mesmas.
Acredito que o pai da “economia moderna” não tenha previsto os efeitos
negativos da desigualdade; da grande ilusão económica. Não previu, por exemplo,
que o país da liberdade liberal (dizem eles) registe a mais alta taxa de
encarceramento (prisão) do mundo, custando mais de 180 mil milhões de dólares
todos os anos aos pobres cidadãos americanos; mais do que o orçamento federal
destinado à educação. No mundo regido pela “mão invisível” liberal, os Estados
e o setor privado, são obrigados a afetar recursos vultuosos para combater,
entre outros problemas, a desigualdade e a miséria; o banditismo, a corrupção,
a xenofobia e o racismo.
É por estas e por outras razões que não acredito no liberalismo, no sistema
“mãos-livres” que o bloco central tem imposto aos portugueses; nas alterações
que o PSD/Chega e o IL querem fazer à Constituição portuguesa. Portugal de
abril, vítima maior do neoliberalismo, que permite todo o tipo de
privatizações, o aumento da austeridade fiscal, a desregulamentação, o livre
comércio e o corte das despesas governamentais, tem de conseguir virar esta
página miserável.
Luís Mouga Lopes
LUÍS MOUGA LOPES8 DE JANEIRO DE 2022
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