BALANÇO DAS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS 2021, PELOS ELEITOS DA LISTA E NA MESA NACIONAL DO BLOCO






 

 NOTAS DE BALANÇO DAS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS 2021

1 – O PS e as esquerdas obtiveram nestas eleições autárquicas 2021 a maioria de votos e de autarcas eleitos/as no país. A soma do PS+esquerdas é cerca de 2.400.000 votos, enquanto a das direitas é cerca de 1.900.000 votos.

2 – Há meio milhão de votos de diferença, aproximadamente, mas verifica-se uma subida das direitas em todo o país, com a extrema-direita a ganhar expressão autárquica, que se manifesta na subida global de votos, no número de câmaras e no número de mandatos autárquicos.

3 – Houve uma recuperação da direita na política portuguesa, ao contrário das eleições autárquicas de 2017, onde se tinha assistido a uma onda rosa e a um ligeiro crescimento do BE. As mediatizadas vitórias da direita em Lisboa, Porto, Coimbra e Funchal consolidam na opinião pública a ideia do avanço das direitas.

4 – A campanha do secretário-geral do PS apresentou um país cor-de-rosa que não existe. Com arrogância, fez declarações contraditórias com a realidade, como no caso da refinaria de Matosinhos. Insistiu em promessas baseadas no PRR para iludir as dificuldades das pessoas, o abandono dos territórios deprimidos e as mudanças que são mesmo necessárias. O resultado foi o inverso do pretendido.

5 – O Bloco de Esquerda ganhou um novo vereador no Porto, manteve vereadores em Lisboa, Almada e Salvaterra de Magos, onde obteve a maior votação a nível nacional. A coligação em Oeiras, com a participação do BE, elege uma vereadora independente. No cômputo nacional, o Bloco teve uma pesada derrota nestas

autárquicas, depois da quebra eleitoral nas legislativas 2019 e da derrota nas presidenciais.

6 – O Bloco apresentou nestas eleições menos candidaturas do que em 2017. Perdeu 33.170 votos ou seja -19% em relação a 2017. Baixou a sua votação relativa no todo nacional de 3,3 % para 2,75%. De 12 vereadores que tinha passou a 4 ou seja perdeu 2/3 dos mandatos nas câmaras. Perdeu 31 deputados municipais passando de 124 para 94 (cerca de menos 25%) e 51 deputados de Assembleias de Freguesia passando de 212 para 162 (cerca de menos 25%).

7 – A capacidade, dedicação e esforço de centenas de candidatos/as bloquistas deve ser valorizado e reconhecido, em particular os/as que foram os rostos mais visíveis das listas, que não desistiram e lutaram pela afirmação do Bloco nos debates e confrontos da democracia local. É essencial criar condições políticas e organizativas para que este esforço dê frutos.

8 - É impossível tapar o sol com a peneira. Os factos teimam em demonstrar a realidade de um ciclo de quebras consecutivas de influência eleitoral do Bloco com uma vincada expressão nestas autárquicas.

9 - A perda de independência tática na luta e reclamação de mudança contra o neoliberalismo reinante do PS, em vez da pedinchice de acordos, cria descontentamento em muitos eleitores potenciais do Bloco, que não votam por convicção ideológica ou de militância, mas porque o BE é útil na luta pela mudança do situacionismo. Descontentes, mudam de voto para a abstenção ou para quem aparece numa atitude radical contra a situação que veem piorar no acesso a bens essenciais e na sua qualidade de vida.

10 - Exige-se retirar as devidas lições deste ato eleitoral para que seja possível inverter o ciclo negativo. Desde já, perceber que campanhas tendo como eixo central a realização de acordos com o PS não dá bom resultado. É preciso descolar de vez da espécie de lamúria sobre “o PS não nos quer”.

11 - A isto acresce a orientação central que desvaloriza e desmotiva o trabalho local, a criação de agenda de lutas e reivindicações locais,

em diálogo com as associações e movimentos unitárias locais, criando e dinamizando núcleos de base do Bloco. É fundamental recuperar energia e iniciativa em todo o Bloco. Respeitar pensamentos diversos, estimular a cooperação e inclusão de todas/os e rejeitar campanhas de fação. Não há bloquistas dispensáveis.

12 - A reafirmação do Bloco como formação política radical, na rua, contra os despedimentos, pelo aumento sério do salário mínimo nacional, pela revogação do pacote laboral da troika, por uma política pública para resolver os gravíssimos problemas da habitação, da saúde, do ensino e do ambiente, em defesa das populações nos territórios social, económica e demograficamente mais deprimidos, na defesa consequente da regionalização, é uma viragem política que exige coragem, determinação e urgência em ser feita.

13 - Continuar a centrar toda a luta, apenas, nos debates e propostas parlamentares, no taticismo da expetativa de acordos de governação com o PS, é continuar a desvirtuar aquilo para que o Bloco foi criado, como um movimento amplo e unitário, capaz de criar unidade e alianças em torno de agendas concretas, que potenciem as luta dos trabalhadores e do povo sofrido, que tenha as suas raízes nos movimentos sociais e laborais trazendo para a rua a contestação aos oferecedores de promessas e de bazucas que beneficiarão os mesmos de sempre.

14 - Vamos à luta enquanto é tempo. Não podemos continuar de derrota em derrota. O Bloco tem dos melhores lutadores/as pela defesa dos interesses populares. Vamos libertar esta energia de luta e combate.

Os eleitos da Lista E na Mesa Nacional do Bloco

Outubro de 2021

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